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Polêmica: Portal diz que ex-vocalista do DC Talk é acusado de abuso sexual e aliciamento

today5 de junho, 2025 95

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O cantor cristão Michael Tait, conhecido por ter sido vocalista das bandas de rock cristão DC Talk e Newsboys, foi acusado de aliciamento e abuso sexual. As denúncias foram reveladas pelo portal The Roys Report nesta quinta-feira (5).

Segundo a reportagem, três homens afirmam ter sido vítimas de Tait entre os anos de 2004 e 2014, durante turnês musicais. Os relatos incluem episódios de abuso sexual, consumo excessivo de álcool e até oferta de drogas por parte do cantor. Um dos denunciantes diz que acordou após desmaiar por ingestão de bebidas alcoólicas e se deparou com Tait cometendo abuso sexual.

Outro homem afirma que Tait lhe ofereceu cocaína no ônibus de turnê dos Newsboys antes de um episódio de contato sexual não consensual. O portal diz ainda ter obtido mensagens de texto entre uma das vítimas e sua ex-namorada nas quais o caso foi discutido diversas vezes.

Ao todo, mais de 50 fontes teriam sido ouvidas pela reportagem, que aponta um “padrão predatório” de comportamento envolvendo abuso de substâncias e condutas sexuais inadequadas atribuídas ao cantor ao longo de mais de duas décadas.

Tait deixou oficialmente o Newsboys em janeiro deste ano. Na época, afirmou: “Essa decisão não foi fácil e até me surpreendeu, mas após oração e jejum, tenho clareza de que é o caminho certo.”

Até o momento, Michael Tait e seus representantes não comentaram as acusações.

SEGUE ABAIXO A REPORTAGEM TRADUZIDA

Uma investigação do portal The Roys Report revelou graves acusações contra Michael Tait, ex-vocalista das bandas cristãs DC Talk e Newsboys. O cantor é acusado de abuso sexual, aliciamento e uso de drogas, em um suposto padrão de comportamento predatório que, segundo relatos, se estende por mais de duas décadas.

A reportagem, publicada após dois anos e meio de apuração, inclui entrevistas com mais de 50 fontes. Três homens deram depoimentos detalhados, alegando que foram aliciados por Tait em turnês cristãs nos anos de 2004, 2010 e 2014. Todos tinham 22 anos na época dos supostos incidentes.

Dois deles disseram que estavam bebendo com Tait quando adormeceram e acordaram sendo molestados. Um deles ainda relatou que o cantor lhe ofereceu cocaína dentro do ônibus de turnê dos Newsboys. O terceiro homem contou que, enquanto nadavam nus, Tait lhe ofereceu uma massagem nas costas e depois o convidou para dormir com ele em uma cama king-size, onde teria sido tocado de maneira não consensual na região anal.

O portal afirma que tentou entrar em contato com Tait diversas vezes, mas não obteve resposta.

De fenômeno musical a escândalo

A carreira de Tait começou de forma meteórica com o DC Talk, banda formada com colegas da Liberty University, Toby McKeehan (TobyMac) e Kevin Max. O grupo se destacou na cena cristã contemporânea, conquistando quatro prêmios Grammy e vendendo milhões de discos. O álbum Jesus Freak (1995) ficou 79 semanas na Billboard 200 e vendeu mais de 3 milhões de cópias.

Os autores Will Stockton e D. Gilson chegaram a comparar o DC Talk aos Beatles da música cristã em seu livro Jesus Freak (2019). Mesmo após a separação oficial em 2001, os três músicos participaram juntos de alguns projetos, como o Jesus Freak Cruise e músicas colaborativas — mas o grupo nunca retornou oficialmente.

Com as revelações mais recentes, esse reencontro agora parece ainda mais improvável.

Michael Tait deixou os Newsboys em janeiro de 2025, alegando, na época, que a decisão foi tomada após oração e jejum. Até o momento, nem ele nem seus representantes se pronunciaram sobre as acusações.

Após o fim das atividades do DC Talk, Michael Tait passou a mirar novos caminhos e acabou assumindo os vocais da banda Newsboys, grupo fundado em 1985, na cidade de Mooloolaba, na Austrália, por Peter Furler e George Perdikis. A banda encontrou notoriedade após mudar-se para Nashville (EUA) em 1991, lançando 14 álbuns de estúdio e sendo indicada a quatro prêmios Grammy antes da saída de Furler em 2009.

Com a chegada de Tait, os Newsboys entraram em uma nova fase. O empresário Wes Campbell, que já gerenciava a banda, passou a ser seu único proprietário.

A professora Leah Payne, especialista em história religiosa americana no Portland Seminary, destacou a importância cultural da banda no meio evangélico:

“Não é exagero dizer que, para muitos adolescentes evangélicos que cresceram nos anos 1990, os Newsboys foram parte essencial da sua experiência cristã.”

Segundo Payne, o grupo se “reformou de certa forma como uma super banda contínua”, destacando a entrada de Michael Tait como um dos marcos dessa nova era.

“Eles realmente tiveram uma segunda vida… que de certo modo dá voz ao conservadorismo americano.”

A reconfiguração dos Newsboys com Tait nos vocais solidificou ainda mais sua influência entre o público cristão conservador nos Estados Unidos. No entanto, diante das acusações graves de aliciamento, abuso sexual e uso de drogas, a imagem de Tait — e, por consequência, sua trajetória com a banda — entra agora sob intensa escrutínio público.

Durante o período em que Michael Tait esteve à frente da banda Newsboys, o grupo alcançou grande êxito comercial. Foram quatro álbuns no topo das paradas cristãs da Billboard, incluindo o sucesso de 2011, God’s Not Dead, que recebeu disco de ouro nos Estados Unidos.

O impacto do disco foi tão grande que a faixa-título acabou inspirando a criação da franquia cinematográfica de mesmo nome, “God’s Not Dead”. A primeira produção do estúdio Pure Flix Entertainment arrecadou cerca de US$ 64 milhões em bilheteria internacional, rendeu participações especiais da banda nos filmes e impulsionou turnês de grande alcance, além de fomentar um vasto mercado de produtos licenciados ligados à banda.

Apesar de rumores antigos sobre má conduta envolvendo Tait, fontes apontam que sua influência nos bastidores da indústria da música cristã e a capacidade de boicotar críticos ajudaram a manter as acusações abafadas por anos.

Esse cenário começou a mudar em 15 de janeiro de 2025, quando o influenciador do TikTok Azariah Southworth — conhecido por ter revelado a sexualidade do jornalista Jonathan Merritt em 2012 — publicou um vídeo afirmando que Tait seria gay. A gravação viralizou, atingindo 250 mil visualizações, antes de ser removida pelo TikTok sob a alegação de “extremismo violento”.

Southworth, no entanto, não apresentou provas e foi criticado por violar princípios éticos do jornalismo ao expor a suposta orientação sexual de Tait sem seu consentimento.

Mesmo assim, a revelação foi suficiente para desestabilizar o status quo em Nashville, considerada o centro de poder e riqueza da música cristã nos Estados Unidos — e onde, até então, as alegações contra Tait pareciam encontrar barreiras para vir à tona.

michael tait newsboys

No dia seguinte à publicação do vídeo viral do influenciador Azariah Southworth, Michael Tait anunciou sua saída da banda Newsboys. Em comunicado publicado nas redes sociais do grupo, o cantor afirmou que a decisão foi surpreendente até para ele:

“Foi um choque até para mim, mas em meio a oração e jejum, tenho clareza de que esta é a decisão certa.”

A declaração veio após o lançamento da nova música “How Many Times”, com vocais de Tait, e dois dias antes do primeiro show do ano, em Poplar Bluff, Missouri.

O momento foi caótico. Segundo o membro da banda Adam Agee, em entrevista à Fox58, o grupo precisou “correr” para regravar a faixa com novos vocais. Uma nova versão com Agee nos vocais foi lançada logo depois. A rápida mudança causou confusão nas redes sociais, com fãs pedindo reembolso de ingressos e expressando perplexidade com a troca repentina de vocalista.

Apesar da turbulência, Tait não apareceu mais publicamente desde sua saída e não postou nada nas redes desde o anúncio. Embora não haja provas de que sua saída esteja ligada diretamente às alegações de Southworth, a coincidência temporal abalou a comunidade da música cristã e encorajou supostas vítimas a se manifestarem.


Fã relata comportamento abusivo e ‘bombardeio de afeto’

Entre os depoimentos colhidos pelo The Roys Report, está o de “Steven” (nome fictício), que alega ter sido alvo de aliciamento por parte de Michael Tait durante uma turnê em setembro de 2010.

Na época com 22 anos, Steven era guitarrista da banda de abertura de Chris Sligh, se apresentando para multidões de adolescentes em festivais cristãos pelos EUA. Filho de missionários e criado em uma família cristã conservadora, ele descreve aquele momento como um sonho:

“Eu era um grande fã do DC Talk. O Tait era, de certa forma, um ídolo estranho pra mim.”

Steven conta que ouvia repetidamente o álbum Jesus Freak, mesmo proibido pelos pais. Por isso, quando soube que abriria os shows da turnê dos Newsboys com Tait nos vocais, ficou maravilhado. Mas, segundo ele, o encantamento virou preocupação quando Tait passou a demonstrar um interesse especial e intenso.

Esse comportamento, conhecido como “love bombing” — uma forma de manipulação emocional em que o agressor demonstra atenção exagerada, afeto e elogios para criar dependência emocional — seria, segundo especialistas, uma tática comum em casos de aliciamento.

Mais detalhes sobre o caso de Steven, bem como os demais depoimentos de supostas vítimas, continuam sendo divulgados pela investigação do The Roys Report, que aponta um padrão de conduta predatória por parte de Tait desde os anos 2000.

michael tait

O cantor Chris Sligh, líder da banda de abertura na turnê dos Newsboys em 2010, contou ao The Roys Report um episódio marcante envolvendo Michael Tait e o então guitarrista de sua banda, o jovem Steven, de 22 anos.

Segundo Sligh, durante uma apresentação da banda no dia 17 de setembro de 2010, em Columbia, Maryland, Tait demonstrou um interesse incomum por Steven:

“Ele estava intensamente focado no Steven enquanto tocávamos no palco,” disse Sligh. “Normalmente, estrelas desse nível nem assistem ao show da banda de abertura. Lembro de ter ficado irritado — parecia que ele se importava mais com meu colega de banda do que comigo. E aí tudo começou a evoluir para algo que me pareceu estranho.”

O primeiro contato direto entre Steven e Tait aconteceu brevemente nos bastidores, durante uma oração coletiva antes do show, conduzida por Tait. Depois disso, os dois não mantiveram contato imediato.

Porém, dois meses após o fim da turnê, Steven — que agora trabalhava como atendente em uma loja na cidade de Brentwood, subúrbio a 16 km de Nashville — reencontrou seu ídolo de infância de forma inesperada. Nessa ocasião, Tait lhe entregou seu número de telefone.

“No começo, éramos apenas amigos,” contou Steven. “Fomos ao cinema. Ele me buscava em casa e, normalmente, a gente jogava dardos num bar em Nippers Corner.”

Esse início aparentemente inofensivo, segundo Steven, foi o início de um relacionamento marcado por dinâmicas de poder, manipulação emocional e, posteriormente, abusos não consentidos, conforme relatado em mais detalhes ao portal.

O padrão de comportamento descrito reforça a tese do The Roys Report, que aponta Tait como envolvido em múltiplos casos semelhantes ao longo de mais de 20 anos.

O guitarrista Steven, de 22 anos, afirmou ao The Roys Report que não se incomodava com a diferença de 21 anos entre ele e o ex-vocalista do DC Talk, Michael Tait. No entanto, seu colega de banda e colega de casa, Chris Sligh, via a situação com preocupação.

“Parecia uma espécie de atração estranha,” contou Sligh. “Eles estavam o tempo todo trocando mensagens e ficaram muito próximos muito rápido. Foi puro love bombing — o Tait exagerava no carinho e na atenção de formas que, olhando agora, eram bem nojentas.”

Sligh também descreveu que Tait fazia convites de última hora, levava Steven para restaurantes sofisticados, pagava jantares caros e oferecia bebidas alcoólicas de alto valor. Ele mencionou até um jantar reservado em um “quarto nos fundos” de um restaurante:

“Esse tipo de coisa impressiona muito alguém que cresceu pobre, como filho de missionários. Ainda mais vindo de alguém como Tait, que você pensa que é uma figura segura.”

Outro músico da banda, Tommy Lee (baixista), confirmou que Steven costumava comentar sobre esses encontros:

“Ele dizia: ‘Ah, saí com o Michael Tait’. E a gente achava legal, mas também um pouco estranho. Eu não sabia nada sobre o Michael pessoalmente. Achei que ele só queria ajudar, ser legal. Mas depois ele começou a sair com ele com mais frequência, e aí realmente me pareceu esquisito.”


Episódio em mansão de Tait em Brentwood

Em janeiro de 2011, a amizade entre Steven e Tait já estava consolidada. Quando Tait o convidou para encontrá-lo em sua mansão de quatro quartos e três banheiros em Brentwood, Steven não hesitou. Imaginou que se encontrariam ali antes de irem a um bar, mas Tait o convidou para entrar.

“A gente ficou na cozinha,” contou Steven. “O Tait estava bem discreto, agindo em segredo.”

Mais tarde, Steven descobriu que uma família morava na casa com Tait, e que eles não sabiam da presença dele ali naquela noite.

Ele afirma que o cantor lhe serviu copos altos de uísque Maker’s Mark — Steven tomou três doses, incentivado por Tait, que também bebia pesadamente.

Esse episódio, segundo Steven, seria o início de uma sequência de abusos cometidos em um ambiente de confiança quebrada, sob o disfarce de uma amizade mentorada. O caso reforça o padrão de comportamento predatório investigado pelo The Roys Report, envolvendo álcool, manipulação emocional e isolamento como táticas recorrentes.

michael Tait

Após consumir muito álcool na mansão de Michael Tait, Steven passou mal e vomitou no balcão do segundo andar da casa. Sentindo tontura, desceu para o quintal e se deitou, sendo seguido pelo cantor.

“Tudo estava girando,” contou Steven ao The Roys Report. Pouco depois, voltaram para o segundo andar, onde Tait o conduziu para a sala.

Steven lembrou que, muito envergonhado e confuso, aceitou se deitar no sofá, enquanto Tait dizia que iria lhe dar uma massagem nos pés.

“Achei aquilo meio estranho,” admitiu. “Depois disso, eu desmaiei.”

Por volta das 4 da manhã, Steven acordou sentindo que Tait estava tocando seus genitais e beijando sua boca. Ele tentou resistir e afastar o cantor diversas vezes, mas sem sucesso.

“Eu fiquei em estado de congelamento, não sabia o que fazer,” disse Steven. “Quando comecei a mexer a cabeça, ele parou e também ficou imóvel.”


Saída secreta e silêncio

Steven saiu da casa de Tait antes das 6 da manhã, cuidadosamente para não acordar a família do cantor que morava ali.

Quando chegou em casa, contou para Chris Sligh que passou a noite lá e que havia recebido uma massagem nos pés. Apenas para sua namorada revelou o que aconteceu depois.

O The Roys Report teve acesso a mensagens de texto trocadas entre Steven e sua namorada na época, que confirmam discussões frequentes sobre o incidente durante o relacionamento, antes do término.


Amigos minimizavam o caso

Duas semanas depois, na turnê, Steven comentou com seus colegas de banda sobre a massagem nos pés, mas omitiu o abuso por vergonha.

Sligh, arrependido, admitiu que na época não entendeu a gravidade da situação:

“Quando ele nos contou, nós fizemos piada — tipo ‘Você é gay, deve ter provocado isso.’”

Tommy Lee, baixista, lembra da conversa, mas não sabia do abuso sexual:

“Ele estava no ônibus contando que vomitou e que ganhou uma massagem nos pés. Achei estranho, mas não fiz nada.”

A situação virou motivo de piada interna na banda, fazendo Steven se fechar ainda mais.


Relação de poder e medo

Steven via Tait como seu “ídolo” e sabia que ele tinha o poder de abrir ou fechar portas na indústria da música cristã:

“Ele era o topo da cadeia alimentar. Podia me ajudar a conseguir empregos ou me boicotar. Não queria me prejudicar.”

Procurou respostas e, semanas depois, confrontou Tait em um bar:

“Falei que achava que merecia um pedido de desculpas. Ele disse ‘Do que você está falando?’ e quando eu relembrei, ele respondeu ‘Ah, foi mal’ e deixou pra lá.”

Com o tempo, a amizade entre os dois esfriou, principalmente quando Steven saiu da música cristã e mudou de estado.

Apesar disso, o que deveria ser um pedido de ajuda se tornou uma piada e um rumor em Nashville, com os colegas de banda sem entenderem o quanto Steven havia sido violado e abalado.

Demorou dois anos para Sligh perceber que Steven também havia sido vítima de abuso sexual

“Um amigo meu, que trabalha na indústria, disse: ‘Ei, você sabe daquela coisa do Tait com o Steven — isso aconteceu, né? Aconteceu com outro amigo meu também, e acho que é coisa séria’”, contou Sligh.

Sligh conversou com Steven e soube dos detalhes completos do caso envolvendo Tait, incluindo o toque não consensual em seus genitais e um beijo forçado.

Sligh e Lee acabaram pedindo desculpas a Steven. Quinze anos depois, com o consentimento dele, decidiram colocar seus nomes no registro como forma de solidariedade.

O irmão de Steven, que preferiu não ser identificado para preservar a identidade do músico, também soube sobre a “massagem no pé” dada por Tait durante uma ligação internacional em dezembro de 2012. Ele descobriu sobre o abuso quando visitou Steven em Nashville na primavera seguinte.

“Nós (os companheiros de banda do Steven) brincávamos muito com isso por um bom tempo”, disse o irmão. “E nessa era pós-#MeToo, eu olho para trás e penso: ‘Como eu pude achar que isso era uma piada? Por que todo mundo foi tão covarde? O Tait era intocável, ninguém queria mexer com ele’.”

O irmão também viu de perto o impacto que o suposto abuso sexual teve na vida de Steven.

“Alguns anos depois, ele voltou a falar sobre isso”, lembrou. “Ele desabou chorando porque ganhava tipo 150 dólares por show. O Michael Tait era uma grande estrela, e ele achava que esse cara queria ser amigo dele. Ele se sentiu traído.”

Mais tarde, o irmão pediu desculpas por não ter sido mais solidário na época.

“Deu para perceber que aquilo que era uma piada durante anos de repente ficou muito sério, muito rápido”, afirmou. “Na época, eu não esperava isso, mas agora faz total sentido. Se isso tivesse acontecido comigo, eu também estaria puto. Acho que a gente só entende quando acontece com a gente ou com alguém próximo. Aí a gente consegue ser mais empático e menos idiota.”

Steven disse ao TRR que decidiu falar agora porque “há várias pessoas com experiências parecidas. Gostaria de compartilhar para ajudar outros. Eu já superei aquele trauma.”


Natação pelada e estadias na casa de Tait

Esse não foi o primeiro caso em que Tait teria se aproximado de um jovem. Seis anos antes, ele trocou números de telefone com um músico de louvor chamado “Phillip” (nome fictício) em um show no Meio-Oeste dos EUA. Desta vez, convidou o jovem de 22 anos para ficar em sua casa.

Era primavera de 2004 quando Phillip conheceu Tait pela primeira vez. Crescido em uma igreja Assemblies of God no Meio-Oeste, ele entrou para uma banda de louvor de sucesso moderado logo após a faculdade.

Por isso, Phillip e os colegas passavam bastante tempo em turnês pelo circuito cristão. Foi assim que conheceu Tait, que tinha lançado carreira solo em 2001 com a banda TAIT. Tait e seu baterista e colega de casa Chad Chapin estavam em turnê pelo segundo álbum, “Lose This Life”, quando ele encontrou Phillip no estande de merchandising em um show em Oklahoma.

“Fui falar com ele porque era fã de DC Talk, obviamente por causa da minha criação”, contou Phillip. “Ele foi super legal. Conversamos um pouco, eu disse que estava trabalhando na minha música, e ele perguntou: ‘Tem alguma coisa que eu possa ouvir?’ Eu disse que sim, que estava no meu laptop no hotel. Subimos lá, ele ouviu minhas músicas, me apoiou e acabou por aí.”

Depois desse encontro, trocaram números de telefone, e Phillip viu a relação como uma amizade e mentoria. Tait tinha 16 anos a mais e poderia abrir muitas portas para ele na música cristã. Eles trocaram mensagens ao longo do ano, e Phillip ficou animado quando Tait o convidou duas vezes para passar um fim de semana em Nashville para “conversar” e ficar em sua casa.

Tait

Phillip morava a oito horas de distância e hoje admite que o convite foi um pouco incomum, dado o afastamento geográfico e a diferença de idade, mas na época não achou nada estranho.

“Eu tinha 22 anos e bastante tempo livre quando não estava na estrada. Provavelmente faria isso com um amigo comum, mas com um novo amigo que estava em uma das minhas bandas favoritas? Claro que eu ia querer passar um tempo com ele”, disse Phillip. “Fiz isso duas vezes, e os encontros foram parecidos, só um grupo de caras bebendo, jogando dardo e se divertindo.”

Nada causou preocupação a Phillip durante o primeiro fim de semana na casa de Tait, então ele se sentiu à vontade na segunda visita, no inverno de 2005. Ele lembra que tinha “muita cerveja e cigarro” enquanto o grupo passava o tempo na casa de Tait.

Phillip estava sóbrio por escolha própria, algo exigido pela sua criação religiosa e pelo papel que tinha na banda de louvor em que tocava. Apesar disso, ele foi aceito e se sentiu confortável entre os amigos de Tait.

Ele recorda que, já tarde da noite, durante a segunda estadia, alguém sugeriu que fossem nadar pelados no spa da casa de Tait. Phillip lembra do que aconteceu a seguir com muita clareza.

“Todo mundo começou a tirar a calça e pular na água. E eu pensei: ‘Nossa, eles estão mesmo fazendo isso?’ Eu era o novato, mas não sou muito tímido nessas coisas. Então, eu entrei também,” contou.

Mas quando as pessoas começaram a sair, Tait ficou mais íntimo com Phillip.

“Logo depois os caras foram saindo, e em algum momento acho que só ficou eu e o Tait lá. E ele começou a me fazer uma massagem nas costas,” disse Phillip.

Esse tipo de comportamento não era novidade para Phillip, nem para a indústria da música cristã. Segundo várias fontes que já fizeram e ainda fazem turnês nesse meio, esse tipo de “brincadeira de vestiário” — muitas vezes envolvendo nudez, massagens, cerveja, cigarros e, neste caso, natação pelada — é comum há décadas no ambiente da música cristã.

Andrew Welch, ex-integrante da banda de rock cristão Disciple, descreveu esse comportamento como “brincadeira de cavalheiros,” algo que surge do tédio e da convivência próxima. Ele disse ao TRR que era uma forma de criar vínculo e que na época não parecia algo prejudicial. Embora algumas bandas fossem mais reservadas, essa cultura tornou normal que algumas “bandas fiquem peladas” durante as turnês. Apesar dos Newsboys não serem classificados assim, Welch destacou que Tait era conhecido por usar poucas roupas.

Por exemplo, em um relatório de segurança do festival Sonshine, realizado em Willmar, Minnesota, em julho de 2011, o chefe de segurança Jeff Quigle escreveu: “O empresário da banda (Newsboys) veio até o trailer onde os caras estavam, bateu na porta e avisou que estava quase na hora de subir ao palco. Logo a porta do trailer se abriu, e lá estava Michael Tait, vestido APENAS com uma toalha. A segurança feminina rapidamente virou o rosto e cobriu os olhos.”

Quanto à normalidade desse tipo de comportamento na música cristã contemporânea (CCM), Phillip admite que era ingênuo. Segundo a esposa dele, com quem namorava na época, “Phillip não acha que ninguém tem intenções nefastas, a não ser que ele tenha um motivo para pensar assim. Ele é simplesmente a pessoa mais tranquila que existe.”

Então, em 2005, quando Phillip estava em uma banheira de hidromassagem com Tait, não viu problema em deixar o astro do rock fazer uma massagem nele.

Olhando para trás, Phillip reconhece que “(isso foi) obviamente um pouco estranho, porque você não está usando roupa nenhuma e está numa banheira,” mas que “basicamente estava tudo bem. Não fiquei animado com isso, mas também não estava na cabeça de pensar ‘Ah, ele está me paquerando.’ Eu só pensei, ‘Tem gente que é mais pegajosa que outras,’ e pronto.”

Pouco tempo depois, quando todos já tinham ido embora, Phillip e Tait saíram da banheira, se vestiram e começaram a ouvir música. Foi quando a conversa mudou.

“Nem sei como isso veio à tona, mas (Tait) basicamente falou: ‘Minha uretra é muito maior que o normal. A minha é tipo duas ou três vezes maior do que deveria ser,’” lembrou Phillip. “E aí ele simplesmente mostrou pra mim,” conta Phillip.

Logo depois, decidiram ir para a cama. Não havia quartos extras na casa de Tait, então Phillip teve que dividir o quarto com ele. O anfitrião ofereceu um saco de dormir ao lado da cama, mas também disse que Phillip podia dividir a cama king-size. Phillip não viu problema nisso — algo que ele atribui à vida na estrada, onde era comum dividir beliches com os colegas de banda para economizar.

No começo, Phillip disse que pegou o saco de dormir, mas depois mudou de ideia para ficar mais confortável. Tait abriu espaço para ele, e os dois começaram a conversar enquanto pegavam no sono. Foi então que Tait voltou a fazer uma massagem nas costas do jovem de 22 anos, desta vez sem consentimento.

“Ele começou a fazer massagem nas minhas costas de novo, e aí eu comecei a ficar nervoso,” disse Phillip. “Ele ficou fazendo massagem por uns três ou quatro minutos, e foi descendo devagar… Na banheira ele tinha parado na parte baixa das minhas costas, mas continuou descendo até estar, tipo, massageando as minhas nádegas. E eu fiquei ali meio paralisado. É um amigo novo, e você o admira. Não queria acabar com a amizade.”

phillip wife tait

Phillip contou ao TRR que não sabia bem o que dizer para Tait, porque não queria “ofender ele ou deixá-lo bravo.” No entanto, depois de cerca de 30 segundos de massagem nas nádegas, Tait colocou os dedos na região anal de Phillip, e ele decidiu falar.

“Eu só falei, ‘Cara, eu não curto isso. Isso não é legal pra mim,’” relembrou Phillip.

Ele disse que Tait parou, pediu desculpas e virou para o outro lado. Phillip achou que ele ficou constrangido, comparando a situação com encontros românticos não correspondidos que ele teve com mulheres na sua vida.

Considerando isso, Phillip disse que não sentiu medo ou receio de Tait, e acabou pegando no sono.

Quando acordou de manhã, Tait já tinha ido embora, e Phillip nunca mais teve notícias dele, apesar de ter tentado contato por mensagens várias vezes.

Phillip contou o ocorrido para a esposa pouco tempo depois e classificou aquilo como “um esforço romântico estranho e frustrado, que ele não esperava.”

“(O caso com Tait) surgiu de vez em quando,” ela disse ao TRR. “Foi provavelmente em poucas semanas que ele me contou sobre isso.”

Ela contou ao TRR que ela e Phillip não tinham se manifestado antes porque não queriam expor Tait.

“Sempre foi meio que assim, ok, obviamente, ele é gay,” disse ela. “Ele é um grande nome na música cristã contemporânea. Tenho certeza de que ele sente que não pode assumir isso ou vai perder tudo que tem. Então, a gente meio que sentia pena dele, no sentido de que, sabe, deve ser horrível não poder ser você mesmo.”

Phillip continuou trabalhando na indústria da música e lembrava o incidente para amigos que fez em turnê durante as longas viagens entre os shows. Logo, a história virou parte das várias histórias envolvendo Tait que circulam no meio da música cristã.

Um desses amigos era um companheiro de banda que ele conheceu em 2006. Por questões legais, ele pediu para não ser identificado, mas contou ao TRR que se lembrava de Phillip ter lhe contado o episódio quando se conheceram em turnê.

“Ele disse que Tait tentou colocar os dedos ou as mãos no bumbum dele, só que meio que de brincadeira, como se fosse algo descontraído,” contou o amigo. “Claro que isso deixou o Phillip muito desconfortável. Ele me disse que rejeitou essa investida.”

Hoje, o companheiro vê o ocorrido como mais do que uma tentativa romântica frustrada.

“(Isso é) basicamente o que eu consideraria um abuso, uma investida claramente indesejada e sem provocação,” disse ao TRR.

Phillip decidiu falar agora após ouvir várias histórias semelhantes envolvendo Tait, de amigos e contatos na indústria.

“Na época, eu achava que o comportamento do Tait era um caso isolado,” disse Phillip ao TRR. “… Mas quanto mais tempo passei nos círculos de Nashville, mais parecia um padrão, e que talvez eu tenha tido sorte por ter tido um encontro esquisito, mas relativamente ‘leve’.

“Quando as histórias que eu ouvia começaram a parecer mais perigosas e assustadoras, em vez de só sexuais ou românticas, eu quis ajudar a evitar que isso acontecesse de novo com outras pessoas.”

Taylor construiu rapidamente uma relação próxima com a “família” dos Newsboys, e uma das maneiras mais fáceis de fazer isso era bebendo álcool. A banda e a equipe tinham uma regra rígida contra deixar mulheres passarem a noite no ônibus da turnê, exceto Grace, filha de Wes Campbell, que às vezes fazia apresentações. Mas não havia regra contra o consumo de álcool.

“Todo mundo podia beber. A gente praticamente bebia um pouco todos os dias,” disse Taylor. “Provavelmente teve uns dois dias que não bebemos, mas quase sempre tinha uma garrafa de vinho ou vodka no ônibus. A gente sempre tinha vodka de cranberry.”

Por isso, Taylor nem pensou duas vezes quando Steve Campbell pagou para todo mundo jantar e beber no Buffalo Wild Wings, após um evento dos Newsboys, no dia 11 de abril. A banda comemorava a próxima turnê “We Believe Spring” e tinha acabado de arrumar o ônibus às 23h30. Depois disso, o ônibus partiria para um show na Kosciusko Junior High School, em Kosciusko, Mississippi, com chegada prevista para as 7h da manhã, para montar tudo para o show às 19h do dia seguinte.

Pouco a pouco, todos foram para seus beliches, deixando Tait e Taylor na frente do ônibus com o motorista. Isso não era incomum, contou Taylor ao TRR. Eles, junto com Brewer, Phillips e outros membros da equipe que fumavam, ficavam até tarde da noite bebendo e rindo. Às vezes, Tait dava uma massagem no braço de Taylor, sem que ele pedisse.

Mas Taylor não achava estranho. “Na minha família, a gente sempre deu massagem um no outro,” disse. “Então, pensei que ele estava sendo gentil.”

Quando o ônibus chegou ao destino, eles eram os únicos acordados, e estavam bastante bêbados.

Taylor percebeu que já eram quase 6 da manhã, e ele teria que estar acordado em uma hora para descarregar.

“Pensei, ‘Poxa, estraguei tudo. Estou bem bêbado.’ Então fui para a parte de trás do ônibus dormir,” contou.

Taylor foi para seu “cama improvisada”. Como era o membro da equipe com menos tempo na função, ele era sempre deslocado para lá quando Grace ou alguém do merchandising embarcava. Mas dessa vez, Tait foi junto, aparentemente para pegar sua jaqueta.

“Fui para trás e o Tait veio comigo, e falou, ‘Ei, quer tentar algo?’” lembrou Taylor. Tait abriu um papel com cocaína, e Taylor recusou. Não sabe se Tait usou alguma coisa ou não. Taylor foi dormir e rapidamente pegou no sono.

Mas acordou alguns minutos depois com uma surpresa chocante.

“Acordei, mas nem abri os olhos direito, e percebi que o Tait estava esfregando meu pênis por cima da calça, na parte de cima do jeans,” disse Taylor.

Como todos os sobreviventes que falaram com TRR, Taylor congelou ao perceber o que estava acontecendo.

“Pensei, ‘Meu Deus, isso está realmente acontecendo. Caramba.’ E senti pena dele naquele momento. Pensei, ‘Esse cara está muito ferrado.’”

Taylor contou que, enquanto Tait o assediava, ele mexeu o corpo de leve para parecer que estava acordando e que ele sairia. Tait saiu.

“Pensei, ‘Uau, isso é loucura,’ mas estava cansado e sabia que de qualquer jeito teria que trabalhar de manhã,” disse. “Então decidi voltar a dormir. Agora, olhando para trás… aquilo foi um abuso sexual.”

Hoje, Taylor diz que só conseguiu processar direito o ocorrido algumas horas depois, quando ligou para sua esposa.

“Taylor me ligou, já estava no fundo do ônibus, e falou, ‘Ei, não sei como dizer isso, mas isso acabou de acontecer. A gente estava acordado, todo mundo bebendo.’” contou a esposa ao TRR. “Ele disse, ‘Tait me ofereceu droga.’ Acho que era cocaína. E ele falou, ‘De jeito nenhum, não quero.’”

A esposa, que também trabalhava na música cristã e já fazia turnês com outro artista importante, contou que Taylor entrou em detalhes sobre o assédio.

“Ele falou, ‘Eu estava dormindo, e quando acordei, ele estava esfregando meu pênis, com a roupa,’” lembrou. “Depois, ele simplesmente levantou e saiu, e nada foi dito.”

Taylor e sua esposa já tinham uma noção do lado obscuro da indústria da música cristã. Ela entrou no meio quase na mesma época que ele, e os dois estavam juntando dinheiro para casar.

“A indústria cristã meio que nos chocou um pouco, pela hipocrisia, mas a gente superou rápido,” contou.

Mas nenhum dos dois esperava sofrer abuso sexual.

“Perguntei como ele se sentia, e ele disse, ‘Ele é um homem muito quebrado.’ Foi a resposta imediata. A gente era jovem, e era aquela dúvida: conta ou não conta? E eu sentia que aquela não era minha história para contar.”

No fim, Taylor decidiu perdoar Tait e não contou o que aconteceu para Steve Campbell ou Matt Brewer. Também decidiu não beber tanto com Tait novamente. Ele disse ao TRR que o contato físico diminuiu depois disso — Tait parou de massageá-lo ou dar abraços apertados.

Taylor e a esposa decidiram contar a história agora, 11 anos depois, em solidariedade a outra vítima que TRR vai reportar em breve.

Ambos deixaram a indústria da música cristã e dizem que falar sobre isso traz lembranças difíceis.

“Foi um choque grande, acho que ficamos meio de luto por alguns dias depois que você ligou,” contou a esposa.

“Taylor e eu amamos muito o Senhor, e eu acredito que, quando Deus quiser expor isso, quando Ele estiver pronto para lançar luz, vai acontecer,” disse a esposa. “E eu só penso, ‘Ok, Senhor, se é isso que temos que fazer, sabemos que precisamos contar o que sabemos,’ então acredito que Deus vai nos proteger.”

newsboys michael tait

A TRR procurou os Newsboys para comentar as acusações contra Tait. A banda respondeu por meio de uma declaração enviada pelo advogado de Nashville Samuel D. Lipshie, do escritório Bradley Arant Boult Cummings.

“Embora estejamos cientes das insinuações não comprovadas lançadas pela internet contra o Sr. Tait e os Newsboys por um indivíduo em particular, como suas perguntas envolvem o suposto comportamento e ações do Sr. Tait, seria inadequado para os Newsboys especular ou comentar,” diz o comunicado.

“Se o que você alega puder ser comprovado com evidências, imaginamos que o Sr. Tait e seus representantes terão algo a dizer sobre o assunto.”

Correção: Esta matéria foi atualizada para refletir corretamente que o vídeo do Sr. Southworth foi removido pelo TikTok e não excluído por ele, além de corrigir uma data incorreta.

Escrito por criativa

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